

Primeira semana de janeiro de 2022. Abri meu Instagram para fazer a publicação do dia, vi que havia algumas mensagens inbox para responder e uma delas me chamou atenção. Era de uma mulher que, pelas imagens do perfil, eu diria ser muito bem resolvida na carreira e não estava errada. Ela era…até sair da empresa em que atuava há 36 anos. Naquele momento estava ali me pedindo auxílio porque não sabia o que fazer na carreira, não tinha um plano B. Não vem aqui ao caso falarmos o motivo que a fez deixar a empresa, mas sim sobre a insegurança profissional que surgia a partir do momento em que se viu sem rumo.
O caso dela é mais frequente do que se imagina e por trabalhar diretamente auxiliando profissionais a terem um futuro mais seguro, tendo liberdade financeira, de tempo e geográfica, o que eu mais percebo é a falta de criação de possíveis cenários caso o plano A venha a falhar. Na minha família, inclusive, tenho alguns exemplos de pessoas que estão há anos trabalhando na mesma empresa e quando pergunto o que fariam se não pudessem mais estar lá, ficam perdidas. Mas você acha que aproveitam o momento para refletir sobre o assunto e começar a traçar um caminho seguro caso isso aconteça? Não. Elas esperam a água chegar no pescoço e a ansiedade e insegurança profissional dominarem o espaço. Trago aqui neste artigo, a explicação do porquê muitos profissionais ainda agirem dessa forma e os primeiros passos para voltar a ter confiança na sua jornada profissional.
Como iniciar uma nova carreira
Por que profissionais de longa data possuem maior dificuldade em ter um plano B?
A resposta para isso é bem simples: educação da geração. Os profissionais que ficam anos e anos dentro de uma mesma empresa geralmente são os das gerações Baby Boomer e Geração X, os quais foram ensinados que uma carreira de sucesso é ter uma longa jornada ali dentro, desde o estágio até a mais alta posição que possa chegar.
Então, querendo ou não, para essas gerações é mais complexo olhar para a carreira de um outro ponto de vista, pensando em um outro caminho a seguir que não seja esse, pois foram guiados a acreditar que é preciso nascer e morrer no mesmo lugar. Para a época em que iniciaram suas carreiras esse pensamento era válido e fazia total sentido. A expectativa de vida das pessoas era menor, não havia tanto progresso tecnológico, o acesso à informação e conhecimento era mais restrito…ou seja, era o caminho do sucesso profissional. Mas a realidade hoje é outra e justamente por haver esse conflito entre o momento atual do mercado e a ideia antiga de sucesso na carreira é que surge a insegurança profissional quando a jornada de carreirista acaba.
- O que faço agora?
- Será que ainda sou útil no mercado?
- Já passei dos 50 anos, será que vou conseguir um outro emprego?
Esses são alguns dos questionamentos iniciais quando essa insegurança chega. Responder a eles faz parte do processo e em algum momento da jornada irão surgir, é normal. O que não é normal, e muito menos saudável, é se desesperar e deixar sua ansiedade e pressão do mercado tomarem conta. Falo para os meus mentorados que há sempre um caminho disponível para nós, seja dentro de uma nova empresa ou mesmo tendo seu próprio negócio, mentorando outros profissionais por exemplo…sem rumo é que eles não vão ficar.
Insegurança profissional não atinge apenas os profissionais de longa data
Se achou que a insegurança profissional surge apenas em quem está há anos no mercado, achou errado. As gerações mais novas também passam por isso, principalmente os recém-formados.
Aqueles que nasceram a partir de 1996 tendem a cada vez mais buscar por flexibilidade, agilidade e comodidade em suas vidas e carreiras. Ao mesmo tempo que isso traz dinamicidade para o mercado, abre margem para o desenvolvimento de ansiedade e outros desafios psicológicos que atrapalham o crescimento e sucesso profissional. Vou explicar o porquê com a seguinte situação:
O jovem entra para um curso de graduação. Começa a ser pressionado a procurar um estágio, porque senão tiver a parte prática será engolido pelo mercado. Consegue um, mas ao se aproximar do fim da faculdade, surge o pensamento de que o estágio chegará ao fim e pode ser que seu espaço na empresa também. Será que ele vai conseguir um novo emprego no mercado logo em seguida? Ele tem pouca experiência, como vai chamar a atenção e conquistar uma boa vaga?
E assim começa um turbilhão de pensamentos inseguros de que ele não é capaz porque não tem a vivência necessária que a vaga pede: 7 anos de experiência na área, mais MBA, mais mestrado, mais habilidade em 10 programas, características x e y…Vamos concordar que o mercado também não facilita muito para quem está começando. Por isso, cada vez mais as novas gerações têm buscado fontes de aprendizado diferentes, para criar mais corpo em termos de conhecimento e prática, com quem é referência no assunto por meio das mentorias. São processos nos quais os profissionais têm acesso rápido e direto ao que dá e ao que não dá certo. É beber direto da fonte.
A mentoria acaba sendo um ponto em comum entre as gerações. Isso porque o profissional mais velho, que estava no mercado há anos, tem a oportunidade de seguir carreira e continuar transmitindo conhecimento, enquanto o jovem, que está em busca de experiência, tem uma oportunidade de absorver informação de quem respira aquele assunto.
O que pode afetar sua confiança profissional:
Não é apenas a falta de plano B que pode gerar a insegurança profissional. Há outras questões que podem agir diretamente no modo como você se sente confiança ou não em relação a sua carreira. Veja abaixo algumas:
1 – Medo de perder o emprego;
2 – Falar em público;
3 – Comparar-se com outros profissionais;
4 – Não saber trabalhar sob pressão;
5 – Não saber seus valores e propósito;
6 – Medo de errar; e
7 – Pensar muito na expectativa do outro.
Essas e outras situações do nosso dia a dia vão influenciar nossa carreira em algum momento. Pode ser que neste exato momento você não sinta esses impactos, mas se há algo ainda não claro na sua jornada profissional, se há algum ponto fora do lugar, uma hora vai afetar você. E digo você, porque não há impacto apenas na sua carreira e confiança profissional, mas também no seu bem-estar, saúde mental e física, habilidade de socializar com os outros e por aí vai.
Saiba o porquê o mercado de mentoria é tendência para os próximos anos
Insegurança ao mudar de área de atuação
Depois que a onda do Slash Career começou a aparecer em maior escala, os olhos de alguns profissionais brilharam ao terem consciência de que essa poderia ser uma forma de transição de carreira. Muitos já entenderam a vontade que possuem de iniciar algo novo, mas o fato de não terem a certeza de que terão êxito os deixam inseguros.
A insegurança é um mecanismo de proteção do nosso corpo. Assim como pessoas introvertidas são altamente reativas a situações que as deixem desconfortáveis, também agimos de forma reativa em relação ao nosso futuro profissional.
Para largar tudo e tentar um novo caminho só há duas explicações:
- Ou deu tudo errado no plano A e o profissional foi obrigado a iniciar algo do zero;
- Ou há uma base financeira muito boa para se arriscar em algo novo.
Mesclar as jornadas nesse início é a melhor maneira para você começar a pensar com outras perspectivas sobre sua carreira. Lembra da mulher do início deste artigo que me procurou após encerrar sua carreira de 36 anos na mesma empresa? Pois é. Se ela tivesse tido acesso a essas outras perspectivas quando ainda atuava na organização, provavelmente a saída teria sido muito menos dolorosa, pois ela tinha uma segurança do outro lado do muro.
3 ações para buscar segurança profissional no seu dia a dia
1- Tenha organização financeira
Você não precisa ser milionário para ter mais segurança financeira em relação a sua carreira, basta ser organizado e saber muito bem de que forma está gastando, o que é necessário gastar mensalmente e o que pode guardar para ter uma margem maior em uma situação de risco. Quando sabemos que temos essa segurança, deixamos de nos sentir tão ansiosos em relação ao futuro e conseguimos focar no que realmente importa mais naquele momento.
2- Busque auxílio de um mentor
Ficar tentando buscar uma saída no meio do caos não é nada saudável e eficiente. “Ah, mas eu consigo manter o foco e buscar uma solução sozinho”. Será mesmo? Já parou para pensar que se realmente conseguisse isso, já teria resolvido a questão da insegurança profissional ou mesmo nem ter deixado ela ganhar espaço?
Não há vergonha nenhuma em compreender que precisa de ajuda e admitir a outras pessoas. Eu parabenizo os profissionais que chegam até mim falando isso, porque sei que na maioria das vezes colocar para fora não é confortável, principalmente para o ego. Acontece que é muito mais desconfortável permanecer na situação atual, com insegurança profissional e sem saber para onde ir ou começar, do que pedir ajuda. Tomar essa atitude é um bem que faz a si mesmo, a sua saúde mental, física e a sua carreira.
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3- Não se sobrecarregue
De modo algum lote sua agenda com demandas que você não conseguirá cumprir. Eu já fiz isso achando que dessa forma ia ser uma profissional muito mais sucedida e o que aconteceu foi totalmente o contrário, tinha cada vez menos controle da minha rotina. Sabe aquela falsa percepção de que se você agarrar tudo que lhe colocam na frente, será mais forte e vão lhe admirar e reconhecer por isso? Pois é, fica só no sonho mesmo, porque o que na verdade você consegue é mais estresse, insegurança profissional, ansiedade, síndrome do impostor, burnout…e fica cada vez mais longe dos seus valores e propósito.
Depois que a gente entende e abre mão de controlar o mundo, aí sim as coisas realmente acontecem como devem acontecer, a confiança aumenta, a credibilidade no mercado é maior e o seu sucesso fica muito mais visível. Mesmo depois de ter essa consciência e ter minha liberdade de tempo, equilibrando meu negócio com minha vida pessoal, um livro que gostei bastante de ler e que indico para quem quer entender um pouco mais sobre a forma como pensamos e agimos é o Rápido e Devagar do Daniel Kahneman.
Livro Rápido e Devagar de Daniel Kahneman – Fonte da Imagem: Acervo Pessoal Juliana Fernandez
Vá mais devagar se for necessário, mas não pare
Você e eu sabemos o quanto o mercado exige e a velocidade em que evolui, principalmente no mundo digital. É trend atrás de trend, mudança de algoritmo em curtos períodos de tempo, novas maneiras de criar e manter a conexão com as pessoas, tudo acontece em um ritmo frenético e tendemos a acreditar que é necessário acompanhar tudo para ter sucesso. Não. Não é bem assim.
Procure alguém que saiba lhe ajudar a não enlouquecer e alcançar resultados positivos da maneira mais eficiente possível, focando nos seus valores, propósito, na sua qualidade de vida e, obviamente, no seu sucesso profissional.
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