

Se você abriu este artigo é porque sabe que pode mais na sua carreira. Talvez tenha vontade de mudar drasticamente o trilho ou mesmo continuar no caminho que está porém com um salário maior e/ou um ambiente diferente, que esteja mais conectado com você. Ou está aqui porque gosta dos meus conteúdos mesmo 🙂 . Tanto faz o motivo, de alguma forma espero poder auxiliar você a dar o primeiro passo ou começar a analisar a possibilidade de pensar em um futuro melhor para sua carreira.
Iniciar uma nova jornada profissional para conquistar liberdade de tempo, geográfica e financeira, e alcançar a realização e satisfação são os dois principais motivos que fazem com que meus mentorados busquem meu auxílio para iniciarem seus próprios processos de mentoria. Mas não são apenas eles que têm pensado em mudar de carreira ou emprego nos últimos tempos. Uma pesquisa feita em dezembro de 2021 pelo LinkedIn, com mais de 1000 profissionais, verificou que 49% dos brasileiros consideram mudar de emprego em 2022. Restringindo a pesquisa para os jovens entre 16 e 24 anos, esse número é ainda mais alto, chegando a 61%. Se é a primeira vez que tem acesso a dados como esses, talvez seja uma surpresa, mas a verdade é que esse cenário é uma tendência de longa data, basta vermos o número de demissões voluntárias entre 2015 a 2019 no Brasil.
Número de demissões voluntárias mês a mês no Brasil entre 2015 e 2019 – Fonte da Imagem: VC S/A
Claro que nem sempre essas demissões voluntárias são de fato voluntárias, porém, sendo assim ou não, outra tendência que tem acontecido simultaneamente com elas é a abertura de novos CNPJs, o que nos mostra que ou as empresas não têm criado e estabelecido ambientes e culturas flexíveis, evoluindo com o tempo, ou que os profissionais têm dado mais valor às suas marcas pessoais e compreendido que podem sim desenvolver seus próprios negócios, estando ou não em uma nova empresa como colaboradores.
Aumento do número de aberturas de CNPJs no Brasil entre 2016 e 2021 – Fonte da Imagem: VC S/A
Por que o mercado de mentoria é tendência para os próximos anos?
Impactos da pandemia na carreira
Há alguns dias conversava sobre o quanto os dois últimos anos reviraram nossas vidas. Tenho a sensação de que esse período equivale a 10 anos vividos pelo desgaste que gerou em nós. É difícil selecionar aquilo que não foi impactado pela pandemia, direta ou indiretamente muita coisa mudou, tanto de modo positivo quanto negativo. A carreira do brasileiro foi uma delas.
A pandemia fez com que 44% dos profissionais tivessem suas carreiras estagnadas e atrapalhou o desenvolvimento profissional de 78% deles. As consequências na carreira dos brasileiros formam uma lista comprida e se entrarmos no detalhe de cada rotina, ela aumenta mais. Porém, de uma forma macro, esses foram alguns dos impactos na carreira gerados pela pandemia e que mais percebi e/ou tive pedidos de ajuda nesse período nas minhas redes sociais:
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Falta de confiança
Ter que remodelar o formato de trabalho, não ter mais o mesmo contato com as pessoas, as demissões em massa, ter que aprender na marra funções tecnológicas etc prejudicaram a confiança que alguns profissionais tinham em si mesmos. Em pouco tempo tivemos uma leva enorme de variáveis mudando o cenário diariamente, é normal que surja uma insegurança sobre o futuro. Isso vira um problema quando essa insegurança acaba tomando conta do que o profissional acredita sobre seu próprio potencial, passando a se questionar se é bom o suficiente, gerando ansiedade, se autossabotando e tornando-se refém de aprovação externa.
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Compreensão da necessidade da busca pelo equilíbrio entre pessoal e profissional
Os casos de burnout, esgotamento profissional, estão aí para nos relembrar da importância desse equilíbrio. Obviamente a síndrome já existia antes da pandemia, mas com a alta do home office os números cresceram consideravelmente e o tema passou a ser mais debatido com menos tabu entre as pessoas.
A empresa suíça de recursos humanos LHH, do Grupo Adecco, fez um levantamento com mais de 15 mil profissionais de diversos países que passaram a trabalhar à distância em 2021 para analisar suas saúdes mentais. Após coleta dos dados, a pesquisa registrou que 38% das pessoas afirmavam terem sofrido com a Síndrome de Burnout e 32% relataram piora na saúde mental trabalhando em home office. Em função dos sintomas e consequências que o Burnout pode gerar (e já gerou em muitas pessoas nos últimos tempos), a síndrome passou a fazer parte das Doenças da Organização Mundial da Saúde (OMS), em 2019, entrando em vigor em 2022.
Com maior visibilidade dos casos e piora da saúde mental, os profissionais começaram a ter mais consciência da necessidade de uma boa gestão do tempo para ter um equilíbrio entre as questões pessoais e profissionais. Mesmo aqueles que são apaixonados por suas carreiras e não se importam em misturar ambas as coisas, é preciso saber até que ponto vai o limite de cada um para não prejudicar o sucesso e crescimento.
Se você acredita que pode melhorar sua gestão do tempo para ter esse equilíbrio, não sofrer com os sintomas do burnout e melhorar sua saúde mental, recomendo esse curso do Ricardo Dalbosco e Victor Aguiar.
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Consciência da necessidade de se colocar em primeiro lugar
Cada um tem sua vida, mas nem todos vivem do modo como querem ou não dão a devida importância a si mesmo como deveriam.
Por mais foda que você seja na empresa onde trabalha, lembre-se que a qualquer momento podem lhe mandar embora. Se isso acontece, você tem uma base sólida para continuar seu caminho sozinho? Tem força e nome no mercado para continuar o trabalho que tanto sabe? Muita gente nunca tinha refletido sobre isso. Até que veio a pandemia.
Seguindo de maneira independente ou passando sua vida toda conectado a um CNPJ que não é seu, é necessário colocar a sua carreira, o seu desenvolvimento pessoal e crescimento profissional em primeiro lugar. “Ah mas é uma atitude egoísta olhar para mim primeiro e depois para a empresa em que trabalho”. Não, não é. Na verdade é uma forma a mais de você auxiliar o negócio. Quando você se fortalece, compartilha seu conhecimento nas redes sociais, torna-se visível e gera confiança a quem lhe segue, a empresa também ganha, porque os clientes sabem que aquele profissional trabalha lá e nele eles confiam.
As pessoas, principalmente as gerações mais novas, querem ter uma referência nas marcas, alguém que elas possam chamar pelo nome e sobrenome e ter a certeza que são seres humanos reais, com erros e acertos, conquistas e derrotas. As marcas que ainda não incentivam seus profissionais a fortalecerem seus nomes no mercado estão deixando de expandir mercado e, consequentemente, deixando de aumentar o faturamento.
Como transformar colaboradores em influenciadores digitais
Carreiras em alta em 2022
Utilizando dados gerados pela própria plataforma entre janeiro de 2017 e julho de 2021, o LinkedIn fez um levantamento das áreas mais procuradas nos últimos anos e que continuarão em alta em 2022. Veja abaixo a lista com as 25 profissões:
1. Recrutador(a) especializado(a) em tecnologia
2. Engenheiro(a) de confiabilidade de sites
3. Engenheiro(a) de dados
4. Especialista em cibersegurança
5. Representante de desenvolvimento de negócios
6. Gestor(a) de tráfego
7. Engenheiro(a) de machine learning
8. Pesquisador(a) em experiência do usuário
9. Cientista de dados
10. Analista de desenvolvimento de sistemas
11. Engenheiro(a) de robótica
12. Desenvolvedor(a) Back-end
13. Gerente de engajamento
14. Gerente de equipe de produto
15. Engenheiro(a) de QA (Quality Assurance)
16. Consultor(a) de gestão de dados
17. Líder de experiência do cliente
18. Analista de design
19. Analista de soluções
20. Analista de gestão de riscos
21. Consultor(a) de design de produto
22. Coordenador(a) de vendas internas
23. Enfermeiro(a) intensivista
24. Designer de conteúdo
25. Instrutor(a) de Agile
Assim como as profissões acima estarão em alta, uma outra carreira que pode caminhar junto delas, e que é tendência não apenas para 2022, mas para os anos seguintes também, é a mentoria. Muitos dos meus mentorados e mentoradas, da área da saúde, engenharia, educação, tecnologia etc tem investido em suas novas carreiras como mentores ao mesmo tempo em que fortalecem suas carreiras de raiz. Se você é de uma das áreas acima, imagina aliar as duas tendências? Agindo de maneira estratégica, o seu crescimento, posicionamento e sucesso no mercado podem ser outros, com resultados bem mais eficazes.
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3 dicas para iniciar uma nova fase na carreira
Começar algo do zero dá um baita frio na barriga. Não temos controle da situação, nem conhecimento e muito menos ciência dos riscos que podemos ter ao longo do caminho, e esses fatores acabam bloqueando o crescimento e sucesso de profissionais que têm a vontade de mudar. Para ter ideia, cerca de 60% das pessoas, segundo um levantamento feito pela Pearson, empresa global de educação, disseram temer ter que mudar de carreira. Agora você imagina quantos bons profissionais estamos perdendo por isso…
Como disse, nem sempre é fácil, mas se não tomar coragem, vai continuar na mesma. Para lhe dar um empurrãozinho, aqui vão três dicas para você refletir antes de dar os seus primeiros passos em busca da sua nova carreira.
1 – Conheça seus medos
Você sabe quais são suas inseguranças? Não diga que não tem, porque estará mentindo para si mesmo. Pode ser que você não as conheça, o que é bem diferente de não ter.
Autoconhecimento é peça fundamental para o início deste jogo. É como se fosse o dado de um jogo de tabuleiro, sem ele fica impossível saber quantas casas poderá andar.
2 – Não seja impulsivo(a)
No momento que decidir investir na sua nova carreira, suas emoções estarão à flor da pele e a probabilidade de querer fazer tudo para ontem é bem grande. Faça isso e abra a porta para uma possível decepção profissional.
Durante a formação como mentor da Mentoring Academy, uma das questões trabalhadas com meus mentorados é não ser impulsivo e saber fazer as etapas no tempo certo. Na maioria dos casos, eles iniciam no mercado de mentoria no modo Slash Career, ou seja, continuam nas empresas onde atuam e adaptam a nova carreira como mentores em suas rotinas fora a da empresa, em um formato mais enxuto para não sobrecarregar e realmente saber se querem seguir nesse modo ou assumir a mentoria como carreira solo. São raros os casos que já entram com a mentoria sendo o plano A. Aqueles que questionam qual o melhor a se fazer, recomendo seguir com o Slash primeiro e não agir de maneira impulsiva. Primeiro conhece o mercado e começa a aplicar, depois decide se de fato quer largar todo o resto para conquistar liberdade financeira, geográfica e de tempo em conjunto.
Saiba mais sobre Slash Career clicando aqui
3 – Peça ajuda
Se tem uma coisa que os profissionais erram na hora de iniciar uma nova carreira é não pedir ajuda para as pessoas certas. O amigo do amigo da namorada entrou há 2 meses na área e disse que vale super a pena e que é tendência do mercado. Aí o que acontece? A pessoa escuta, toma a decisão baseada em quem não tem a menor estrutura e jornada para orientar, e se f****.
Morro do coração toda vez que escuto alguém falar que fez tal coisa porque fulano recomendou mas não tem experiência alguma naquilo (e às vezes nem aplica, tá?). Não faça isso. É melhor que você demore mais tempo para iniciar sua nova carreira por estar procurando alguém que de fato tenha vivência no assunto e lhe transmita confiança, do que fazer a primeira coisa que lhe dizem para fazer. “Ah, mas eu vou perder o timing para entrar no mercado”. É melhor você entrar no jogo com alguns minutos de atraso mas com uma estratégia que funcione, do que entrar na hora certa e não saber nem onde se posicionar em campo.
A importância de saber seu propósito de trás para frente para o sucesso da sua carreira
Se você acompanha meus conteúdos há um tempo, sabe que com certa frequência relembro o porquê conhecer seu propósito de vida é tão importante. Muitos profissionais, mesmo há anos no mercado, não sabem direito os seus e não ter esse conhecimento impacta diretamente em seus crescimentos, força de vontade, bem-estar e, claro, no sucesso de suas carreiras. Mas hoje não sou eu que vou falar sobre isso e sim uma pessoa super especial, que, assim como eu, trabalha diariamente para que seus seguidores e clientes aproveitem o máximo de suas vivências e conhecimento.
Convidei minha mentorada Letícia Rodrigues, psicóloga especialista em inteligência emocional, saúde mental e autoconhecimento, para falar sobre a importância de ter o propósito como guia e trazer algumas dicas para você que está pensando em iniciar uma nova carreira. Com a palavra, Letícia:
“Costuma-se dizer que quem quer viver de propósito tem que suportar o processo e comigo não foi diferente. Resolvi voltar para minha área de atuação, a Psicologia, agora trabalhando com gestão de carreira e desenvolvimento de pessoas, após 7 anos em uma área comercial. Para quem quer passar por isso, precisa primeiro identificar qual seu momento de vida.
Para ambos os casos, planejamento é fundamental:
- Tenha clareza de seu objetivo: aqui vale utilizar a técnica SMART para deixá-lo o mais específico possível, além de ser algo mensurável, relevante e possível de ser atingido. Mais importante: que você determine um prazo máximo para concretizá-lo;
- Faça um levantamento de todos os recursos que precisará: recursos financeiros, recursos de tempo, aprimoramento de habilidades, cronograma de cursos, além de parceiros que lhe ajudarão a concretizar sua carreira;
- Esteja no mercado: faça networking e converse com profissionais que hoje atuam no segmento desejado. Veja com eles o que fizeram, quais os passos que tomaram, o que foi importante e o que não;
- Tenha em mente que contratar profissionais especializados na área que deseja atuar é fundamental para conseguir bons resultados e não perder tempo. Determine as pessoas -chave no seu segmento:
- As que lhe apoiarão incondicionalmente para motivá-lo em todos os momentos;
- As que lhe darão suporte emocionalmente especializado como um coach ou psicólogo, por exemplo;
- As que lhe dirão o que precisa ser feito e aprimorado (os mentores);
- As que têm o poder de “formar opiniões” e viabilizarem o seu projeto.
- Seja resiliente: todo início pode ser desafiador, mas a jornada certamente valerá a pena.”
Se tem algo que ainda posso acrescentar neste artigo é: seja qual for sua idade e área, se há um pingo de vontade dentro do si que desejar mudar ou acrescentar na sua carreira, não espere chegar o dia de falar “eu devia ter feito isso”.